O primeiro debate para a Prefeitura de São Paulo, exibido pela Band, foi um verdadeiro espetáculo – e não exatamente no sentido positivo da palavra. Se você estava esperando um bate-papo profundo sobre como resolver os problemas da cidade, prepare-se para uma dose de circo político com muita gritaria e pouco conteúdo.
Ricardo Nunes (MDB), o atual prefeito, virou o saco de pancadas da noite. Seus adversários não economizaram nas críticas sobre sua gestão na saúde e na educação, além da sempre polêmica Cracolândia. Guilherme Boulos (PSOL) teve que lidar com acusações de ser amigo do Maduro e do Hamas, e o seu voto a favor de André Janones no escândalo da rachadinha também foi lembrado. José Luiz Datena (PSDB) transformou o debate em seu próprio show de auditório, concentrando suas críticas em Nunes mesmo quando a pergunta não era para ele. Tabata Amaral (PSB) aproveitou a deixa para alfinetar Pablo Marçal (PRTB) sobre sua condenação por furto qualificado, criando uma cena digna de novela das nove. Marçal, por sua vez, fez uma performance digna de Oscar de “Descontrole Total”, soltando acusações sem provas e até insinuando que Boulos andava por “biqueiras” – algo que ele não conseguiu demonstrar.
Embora o debate tenha sido um verdadeiro festival de ofensas, faltou uma exploração mais profunda das propostas dos candidatos. Ao invés de um debate sobre ideias concretas, tivemos um embate de xingamentos. Um pouco mais de detalhes sobre como cada candidato planeja resolver os problemas da cidade teria sido mais útil – e menos parecido com uma competição de gritos.
O debate mencionou temas como a Cracolândia e as filas na saúde, mas não explicou muito sobre como esses problemas se agravaram. Um pouco mais de contexto ajudaria a entender melhor a situação – e não deixaria os leitores se perguntando se estavam assistindo a um documentário ou a uma novela.
O equilíbrio nas críticas também foi um problema. A gestão de Nunes e os ataques dos outros candidatos foram muito criticados, mas faltou uma visão sobre como cada um pretende enfrentar os desafios de São Paulo. Sem isso, o debate acabou mais parecendo um show de talentos em quem consegue falar mais alto e ofender melhor.
No fim das contas, o debate foi mais uma novela cheia de confusão do que uma discussão séria sobre o futuro de São Paulo. Se o objetivo era entreter, parabéns, missão cumprida. Se era informar, talvez tenha deixado a desejar – mas pelo menos foi divertido!
Por Daniel Cunha