Projeto da Udesc Cefid para próteses no SUS está em rede nacional de tecnologia assistiva

Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), agora faz parte do Sistema Nacional de Laboratórios de Tecnologia Assistiva (SisAssistiva) por meio do Laboratório de Biomecânica, que participou do Seminário Marco Zero SisAssistiva na quarta, 10, e nesta quinta-feira, 11, em Brasília. O evento foi promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e recebeu pessoas com deficiência, coordenadores dos projetos de tecnologia assistiva e gestores públicos. 

A coordenadora do Laboratório de Biomecânica da Udesc Cefid, professora Soraia Cristina Tonon da Luz, apresentou o projeto de tecnologia assistiva da unidade, “Recurso tecnológico inovador para soluções protéticas em amputados de membros inferiores usuários do SUS: atualização e estruturação da prescrição”, que foi aprovado e contratado com mais 27 propostas de todo o País em chamada da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor global de R$ 72,5 milhões.

Além do laboratório, Soraia coordena o projeto de extensão Reabilitação Multidisciplinar em Amputados (Ramp), com amplo atendimento à comunidade e realização de pesquisas vinculadas ao Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFT).

Na apresentação em Brasília, a professora declarou que “nosso projeto de tecnologia assistiva se destina a trazer a realidade que nós vivenciamos. E nada melhor do que trazer as necessidades da comunidade para que a pesquisa possa evoluir, aí as lacunas de conhecimento fazem mais sentido. A ideia é que possamos trazer, para o SUS, possibilidades e soluções tecnológicas inovadoras. Nessa perspectiva, eu quero agradecer imensamente a todos os nossos pacientes porque eles participaram da construção do projeto”.

“Também gostaria de deixar aqui registrado que eu, na minha formação, fui fisioterapeuta porque tive um irmão que sofreu amputação na infância, e isso se transformou no meu propósito de vida. Então, quando a gente sente isso na família, na comunidade, a gente consegue transpor a ciência e a tecnologia para a população”, afirmou ela.

A Udesc Cefid integra o Grupo de Trabalho 3 do SisAssistiva, de Tecnologias em Órteses e Próteses. Os demais grupos são: Tecnologias Digitais; Tecnologias Educacionais; Tecnologias em Saúde e Reabilitação Física; e Tecnologias em Esporte, Vida Diária, Mobilidade e Lazer. Os projetos selecionados darão início agora às pesquisas e deverão assinar um termo de adesão ao SisAssistiva, que será coordenado pelo MCTI.

Inovações para reabilitação de amputados

Durante a apresentação no Seminário Marco Zero SisAssistiva, a professora Soraia ressaltou que o projeto da Udesc Cefid “tem um olhar muito vinculado a três documentos do Ministério da Saúde, que são as diretrizes de saúde da pessoa amputada, o guia de prescrição protética e a Tabela OPM SUS, na qual há as prescrições para amputação de membro inferior”. Ela também destacou que as amputações são uma questão mundial de saíde pública e que, no Brasil, o DataSus registrou quase 100 mil amputações em 2023, sendo cerca de 90% dos casos em membros inferiores.

“Quando nós nos debruçamos em cima dos três documentos oficiais do Ministério da Saúde, nós constatamos um itinerário terapêutico e reabilitativo caótico das pessoas amputadas para terem não somente acesso a próteses, mas principalmente à reabilitação”, explicou.

De acordo com a docente, o projeto de tecnologia assistiva da Udesc Cefid inova ao “olhar para esses documentos e, para além disso, oficializar a construção da oficina protética junto ao Laboratório de Biomecânica, que é um espaço reabilitativo inovador, com todos os recursos que nós já temos, desde termografia a avaliações de marcha com esteiras instrumentadas, com avaliações cinéticas, biomecânicas, cinemáticas e dinamométricas”.

Assim, a iniciativa da Udesc Cefid abrirá “a possibilidade de inovar em componentes protéticos que sejam de custo efetivo para o SUS. Atualmente, as próteses do SUS têm baixa adaptação e baixo conforto de forma geral e acabam dificultando a reabilitação”. 

Plano federal

O SisAssistiva é uma das principais ações do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação no Plano Novo Viver sem Limite, do governo federal. O sistema de laboratórios permitirá o compartilhamento de informações, metodologias e estratégias que guiarão o desenvolvimento e a implementação de iniciativas assistivas, garantindo que os projetos selecionados contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e ampliem suas oportunidades de participação plena na sociedade.

Na abertura do seminário, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reforçou o compromisso de manter os investimentos em tecnologia assistiva. “Um dos pressupostos da nossa política de ciência e tecnologia é o fluxo contínuo e o sentido de permanência. Nós vamos repetir os editais e procurar, inclusive, ampliar”, declarou.

Para a presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Ana Paula Feminella, o seminário representou uma retomada histórica de investimentos para promoção dos direitos das pessoas com deficiência. “A construção dessa rede é necessária para as relações intersetoriais e o desenvolvimento de tecnologias assistivas com recursos públicos de forma eficiente, ouvindo a população diretamente afetada.”

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