Um estudo pioneiro da Cidasc e da Epagri, empresas públicas vinculadas à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, está aprimorando o monitoramento e controle de doenças em vegetais com a utilização de drones. O sistema foi testado em Ipuaçu, na região Oeste de Santa Catarina, para monitorar pomares de citros.
As imagens aéreas permitem identificar variações de cor que podem indicar que os vegetais foram atingidos por alguma praga. Na Cidasc, quem tem analisado imagens de drone para fins de defesa sanitária vegetal é o técnico agrícola Diego Vinícius Gonçalves. A área plantada é sobrevoada com o drone (também chamada tecnicamente de ARP – aeronave remotamente pilotada), registrando imagens em diferentes altitudes, que serão usadas para compor uma representação em três dimensões.
“Trago estas imagens para o computador e monto um ortomosaico e, através de contraste das cores, eu tento identificar a coloração mais próxima do real das plantas que estão sadias e doentes”, explica Gonçalves. A Epagri utiliza drones com uma tecnologia diferente, com sensor LiDAR (Light Detection and Ranging- em português, detecção e alcance de luz), termal e multiespectral, mas o princípio de funcionamento é o mesmo.
O técnico agrícola da Cidasc ressalta que o uso destes aparelhos é de grande auxílio em um estado como Santa Catarina, que tem um relevo bastante acidentado. “O drone consegue mapear grandes áreas, com aclives e declives, com apenas um operador em distâncias que chegam a 10km, 15km. O operador conseguirá monitorar uma área muito maior, com mais eficiência, identificando apenas as plantas com possível doença e depois poderá ir somente até aquela planta para coletar material para análise em laboratório”, detalha Diego Gonçalves.
O estudo é inovador e a expectativa do corpo técnico é desenvolver um padrão que permita identificar os vegetais que não estão sadios em outras culturas. A Cidasc pretende aplicar a tecnologia nas ações de defesa sanitária vegetal também na cultura da banana, um dos destaques da fruticultura catarinense.
No monitoramento realizado em Ipuaçu, foram encontradas plantas com suspeita de contaminação por greening (HBL), uma praga provocada por bactéria, mas que tem como vetor de transmissão o psilídeo Diaphorina citri. É uma doença que afeta os citros (limoeiros, laranjeiras…), prejudicando a quantidade e qualidade das frutas. Na propriedade visitada, o fruticultor já teve 20% do pomar afetado.
A rapidez na identificação do problema, com auxílio da tecnologia, faz muita diferença. “Quando encontramos a praga greening (HLB), dispara um cronômetro. Todo o tempo é precioso. Se existe o psilídeo no pomar, ele pode sugar muito mais plantas”, explica Diego Gonçalves. A agilidade na detecção e adoção das medidas fitossanitárias permite conter a propagação da praga, beneficiando os produtores como um todo.
O greening está bastante disseminado no estado de São Paulo e chegou também ao Paraná. As árvores contaminadas geram frutos de sabor ácido, com gomos assimétricos e com albedo (a parte branca dentro da casca) mais espessa. Estas plantas contaminadas morrem em poucos anos. A introdução da praga pode ocorrer pela aquisição de mudas contaminadas, razão pela qual a Cidasc reforça a orientação para que o produtor adquira exemplares de produtores com certificação fitossanitária de origem.