Com o Carnaval se aproximando, Florianópolis, que aguarda a chegada de milhares de turistas, já está imersa no clima festivo com uma série de eventos públicos e privados. Cerca de 80 blocos, distribuídos por diferentes bairros, participam da celebração, tornando-a uma das festas mais populares do país.

Na sexta-feira (2), o cortejo do Berbigão do Boca marca oficialmente o início da agitação carnavalesca. Como destaca o presidente Paulo Abraham, conhecido como Boca, é o momento em que toda a “cacalhada” se reúne para se divertir. O termo “cacalhada” é utilizado de forma descontraída para se referir a um grupo de pessoas que adora uma boa bagunça e está sempre pronto para festejar.

Assim como em outras cidades, o Carnaval de Florianópolis tem suas próprias gírias, neologismos e bordões, muitos dos quais surgiram da criatividade dos sambistas cariocas. Expressões como “Bagunçou o coreto” (perturbou), “Jesus por Genésis” (trocar as coisas) e “O bicho vai pegar” (páreo duro) são algumas das que ecoam nas ruas durante a folia.

No entanto, há também influências locais, como a música “Ó lhó lhó”, que desde 1992 é considerada o Hino do Manezinho. A letra, criada pelo compositor André Calibrina, celebra a cultura e a peculiaridade da pronúncia manezinha, resultado da herança açoriana e da cultura pesqueira. Calibrina se inspirou na forma de falar dos nativos ao adquirir o “Dicionário da Ilha”, de Fernando Alexandre, e incluiu expressões como “mofas com a pomba na balaia” e referências à culinária local, como “gosto de siri e pirão d’água, boi de mamão, camarão e berbigão”. A música também traz um aviso bem-humorado aos recém-chegados: “Se vens pra ilha dando uma de dotô, Eh, eh, tás tolo, te arromba istepô”.

Com essa mistura de tradição, criatividade e espírito festivo, o Carnaval de Florianópolis promete ser uma experiência inesquecível para todos os foliões.