Há mais de um século, em diversas partes do litoral catarinense, o ritual se repete. Aproveitando as correntes marítimas das frentes frias para desovar em águas costeiras e com temperaturas mais quentes, os cardumes de tainha deixam as regiões mais ao sul do Brasil para encontrar abrigo no mar barriga-verde.
Se a mesma história se repete mar, em terra firme não é diferente. Os pescadores artesanais de tainha, ao avistarem o movimento no mar, lançam-se para o duelo com a natureza. A bordo de canoas ou barcos (rede de emalhe) ou na areia à beira-mar (arrasto de praia), os pescadores lançam a tarrafa fazendo com que esta se abra o máximo possível antes de atingir a água. Com sorte, centenas e até mesmo milhares de peixes aparecerão quando as redes emergirem.
Em Palhoça, a atividade pesqueira artesanal, além de garantir trabalho, gerar renda e servir como fonte de segurança alimentar para muitas famílias, pode ser considerada um verdadeiro elemento histórico e cultural. Em diversas regiões do município os lanços de tainha acontecem, especialmente nos meses mais frios do ano. E os números impressionam: na safra de 2023, somando a pesca em barcos e na beira da praia, mais de 61 toneladas de tainha foram capturadas.
Atrativo turístico
As mudanças sociais registradas nos últimos anos, que ampliaram o destaque de temas como a sustentabilidade e a preservação ambiental, promoveram alterações significativas nas mais diversas áreas, como no segmento turístico. Dessa forma, a tradição da pesca artesanal da tainha se consolidou, também, com um diferenciado atrativo turístico.
Assim como acontece em Palhoça, em outros municípios catarinenses a pesca artesanal vem se firmando como roteiro turístico. O contato com a natureza, a valorização da cultura e da história dos povos que colonizaram a região e a união de forças entre os pescadores e a população no momento de tirar a tarrafa do mar são experiências que emocionam quem acompanha a batalha cotidiana entre o homem e a natureza.
Turismo comunitário
A valorização da realidade local e a compreensão dos desafios da pesca artesanal contribuem também para impulsionar um importante setor econômico: o turismo comunitário. A proposta dessa modalidade de serviço é que a própria comunidade se envolva e desenvolva atividades, operações e empreendimentos buscando atender as necessidades e interesses dos visitantes.
Um importante diferencial do turismo de base comunitária é que a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico caminham de mãos dadas. Ao perceber a riqueza natural e a importância da manutenção dos ecossistemas, cria-se uma forma de potencializar a atividade e, ao mesmo tempo, gerar riquezas para a comunidade.
Novas experiências
Nesta terça-feira (21), data em que essa matéria está sendo publicada, os pescadores capturaram 2,3 mil tainhas da Praia de Cima, comprovando que a temporada 2024 da pesca artesanal tem tudo, novamente, para ser muito positiva para os pescadores e, também, para os visitantes que buscam novas experiencias.
O convite, então, está feito: se você busca conhecer mais sobre essa atividade que verdadeiramente faz parte da história catarinense e palhocense, basta visitar uma das belíssimas praias da cidade. Além de um povo hospitaleiro você irá vivenciar momentos inesquecíveis e, para completar, saborear receitas que com o passar do tempo continuam dando água na boca.